Monday, May 05, 2008

Livro de reclamações ao serviço da casa

Há uns fins-de-semana atrás, por terras alentejanas fomos parar a um restaurante em Cabeção, perto de Mora. O nome é A Palmeira e a comida, mais que recomendável. Mas como este não é um blog gastronómico, deixo as descrições para o link que coloquei no nome do restaurante.

Venho referir um facto curioso e que revela a tacanha mente dos responsáveis pela restauração. Que se passou então?

É certo que já chegámos um pouco tarde para almoço. Por isso mesmo a primeira pergunta que fizémos foi "ainda servem almoços?". Num ambiente de casa quase cheia, porta aberta e com um grupo de 6 a 8 pessoas já à espera, a única resposta que tivemos foi "espere um pouco, por favor".

Assim o fizémos. Entretanto o tal grupo sentou-se numa mesa que tinha vagado e na mesma altura vagou uma que dava para nós. A nós refiro-me a mim, à minha mulher e ao meu filho de 3 anos, o que à partida demonstra que não demoraríamos muito à mesa. Perguntámos a uma empregada se nos podíamos sentar e mais uma vez a resposta "Espere um pouco, por favor". Tudo isto, cerca de 30 min após termos entrado no restaurante.

A empregada dirige-se à cozinha e volta passado 1 minuto a dizer "Desculpe, mas já não os podemos servir!". E porquê? Porque acabou a comida? Porque a cozinheira teve um ataque cardíaco e teve de ser levada de urgência? Porque a ASAE chegou e vai levar a cabo uma das suas inspecções de fechar a casa que acumular mais de 3 migalhas de pão no chão? Não! Apenas porque está a chegar a hora de acabar de servir almoços, o patrão mandou dizer que já não atendiam mais ninguém.

Claro que é mais do que compreensível que num restaurante que tenha muita procura, chegue uma hora em que tenham de recusar clientes para que o pessoal descanse ou coma ou prepare o que tiver a preparar para o segundo pico de afluência (jantar). Mas isso deve ser feito ou restringindo a entrada de novos clientes ou avisando os mesmos à entrada. Não apenas passada meia-hora em que já podia estar noutro restaurante. Aquela meia-hora de espera podia ser o suficiente para já não ser aceite noutro restaurante.

Após a apresentação desses argumentos sem sucesso, restou-me a pequena vingança: "Traga-me então o livro de reclamações". A empregada colocou um ar atrapalhado, virou-se para o chefe que se encontrava a limpar a tal mesa que tinha vagado, curiosamente o mesmo que à nossa entrada tinha pedido para esperarmos um pouco, e disse que queriamos o livro de reclamações. Nem um segundo demorou a resposta do chefe "Podem sentar-se nesta mesa".

Em resumo, A Palmeira, apesar da comida fantástica, deixou a má impressão do serviço, acabou por fazer o que não quis e era apenas justo. Por insistência do cliente, conseguiu ter uma receita de uma mesa que se despachou, como seria óbvio, mais depressa que o grupo que tinha acabado de sentar. Não fomos nós que lhes atrasámos o dia, mas mesmo assim estavam dispostos a perder a receita de 3 refeições e estiveram dispostos a arriscar má fama e potenciais futuras receitas, pelo menos destes clientes.

O livro de reclamações é à partida uma arma para a defesa dos consumidores, mas parece que por vezes é uma ferramente de "ajuda" ao bom senso de quem gere a casa.

Monday, February 11, 2008

Mais rápido que um AVC?

Desde meados de Janeiro que tanto em outdoors como em televisão se pode ver uma campanha promovida pelo Ministério da Saúde, através da Coordenação Nacional para as Doenças Cardiovasculares do Alto Comissariado da Saúde, e com o apoio do INEM. Cheia de boas intenções, a campanha tem por objectivo facilitar à população identificar sintomas de enfartes e AVCs, de forma a possibilitar a rápida acção. Não é então de admirar que tanto a Mariza como o Ruy de Carvalho se tenham associado e sejam a cara dos filmes de TV.

Mas há claramente algo que falha. Não me refiro há pouca pressão que a campanha tem, apesar da sua extrema importância. Ou da relevância da mensagem, a qual já gabei. A eficácia é que é bastante questionável. Pelo menos a que trata de identificação do AVC. Para quem não esteja ainda a reconhecer a campanha de que falo, esta é a imagem dos cartazes utilizados:

Foquemo-nos no texto. Ficamos então a saber que se tivermos falta de força num braço, a boca ao lado e dificuldade a falar é porque provavelmente estaremos prestes a ter um AVC e que de imediato devemos ligar para o 112.

Imaginemos então a situação. Com estes 3 sintomas, pegamos no telefone com o braço, o qual não tem força. No entanto, caso o consiguemos com todo o esforço que nos é possível na situação ou então com o outro braço, caso esse mantenha a força, há aindaque marcar os números. O que deverá se manter um desafio bem interessante.

Assim que a chamada seja atendida, é só dizermos o que se passa. Mas, é então que nos apercebemos: temos a boca ao lado e ainda dificuldade em falar. Sai-nos então algo como "audai-me. stou hh te u avv".

Espero que os operadores telefónicos do 112 tenham uma fantástica formação em como identificar uma chamada de alguém que esteja ter um AVC. Mais, que haja algum sistema de identificação do local de chamada. Senão por mais rápidos que sejamos a identificá-lo, o AVC será mais rápido a actuar do que nós, o 112 e o INEM juntos.

Wednesday, December 26, 2007

Natal e Sindrome da Torre de Belém

Há uns anos atrás, numa entrevista que tive com Pedro Pina, hoje Presidente da McCann Worldgroup Portugal, tive de responder a uma questão, ao nível pessoal e não profissional, acerca do que me arrependia ou teria feito diferente no passado se podesse. À minha resposta, ele chamou Síndrome da Torre de Belém.

Que teoria é esta e que tem a ver com o Natal?

Comecemos pelo Síndrome. Imaginemos que a Torre de Belém é a nossa família. É fantástica, bonita e imponente. Para cada um de nós, um símbolo do que somos e do que representamos. Tal como a Torre, está sempre presente, sabemos que sempre que quisermos ou que precisemos estará lá. Tem a sua história e também as suas histórias. Apesar de nem sempre querermos admitir, é uma fonte de aprendizagem. Além de tudo, sabemos de antemão que, se necessário, deixar-se-ia destruir para que nenhum ataque nos atinja.

No entanto, e porque está sempre lá, quando visitamos a Torre de Belém? Quando mostramos Lisboa a alguém pela primeira vez, quando somos miúdos ou quando temos miúdos. Não é positivo nem negativo. É como é! O Síndrome da Torre de Belém relaciona-se com este ponto. A família está lá e pensamos que dura para sempre. Por isso, quem tem o síndrome, procura-a em momentos especiais e não constantemente.

Falta então a ligação deste tema ao Natal. Este Natal, não fomos ter com as nossas famílias. Vieram eles ter connosco. Na véspera e no dia. Imaginem 1 noite e 1 dia inteiros com 2 Torres de Belém em vossa casa, em que cada uma das suas pedras tem ideias diferentes, tem conversas diferentes (chega a ser ao mesmo tempo), e por vezes até querem comer coisas diferentes... Chegamos ao fim dos 2 dias com a sensação de não ter parado um minuto e de não ter falado com qualquer uma das pessoas que esteve em nossa casa sem ser da comida, de loiça, de espaço na mesa, ou qualquer outro tema relacionado com a logística da festa. Não, afinal não é sensação. É mesmo realidade.

O Natal é uma altura óptima e alegre, principalmente se não é na nossa casa. Tem também de bom o facto de que entre presentes e comida nos permite algumas auto-análises mais ou menos profundas. E este ano, a conclusão é clara. No que toca à relação com a família, há coisas bem piores que o Síndrome da Torre de Belém.

Tuesday, April 24, 2007

Peso da aliança

Quem já tenha viajado para qualquer destino paradisíaco, deverá ter reparado numa série de jovens casais cujo o homem mexe constantemente no dedo anelar da mão esquerda e brinca com a sua aliança, ainda bastante reluzente. Para nós homens, esta é uma das reacções inconscientes do estado de recém-casado. Deve-se à presença de um corpo estranho à volta de um dedo, da pressão desconfortável que faz nos dedos mais próximos quando a mão se fecha e, acima de tudo, ao peso. Ao peso físico a que o dedo não está habituado e, mais ainda, ao peso psicológico.

Na passada sexta-feira 13, perdi a minha aliança e regressou o desconforto à mão esquerda. A recuperada leveza no dedo é agora estranha. O hábito de brincar com a aliança em certas alturas não desaparece e acabo por me relembrar que não está lá. Mais uma vez o peso do objecto atinge-me com toda a sua força.

Se no início significava um maior compromisso na relação, uma perda de liberdade (mesmo tendo sido desejada, assumida e, dado que já viviamos juntos, nada mudar na realidade), agora a sua não existência parece significar todo o contrário. Mas desta vez, um significado indesejado e felizmente irreal.

Mas foi desta forma que me apercebi do seu real peso psicológico. Não é apenas um símbolo tradicional, uma "anilha" para demarcar posse ou mesmo um "selo de qualidade". Ela representa uma vontade, uma decisão, uma forma de vida diferente em que apesar do que se abdicou nos sentimos melhor. Quero a minha aliança de volta. Sem ela sinto-me falso ou incompleto.

Sim, é tudo apenas psicológico, porque não é a existência deste pequeno objecto que altera alguma coisa. Mas é a componente psicológica que muitas vezes nos leva a ver a vida de uma forma diferente.






Thursday, April 19, 2007

Manuel Alegre Vs Campanha Novas Oportunidades

Li hoje na newsletter da Meios & Publicidade que o deputado socialista Manuel Alegre critica a nova campanha publicitária do programa Novas Oportunidades, no site do movimento MIC-Movimento de Intervenção e Cidadania. Para ele a nova campanha "é um insulto a todos aqueles que, pelas mais diversas razões, não possuem outras habilitações que não sejam a sua competência e o seu desempenho profissional".

Curioso que ao entrar no site do MIC, se encontra em destaque, um post de Carla Aguiar do DN com o título "Sete em dez trabalhadores só têm o ensino básico", onde também nos diz que 70% da população empregada em Dezembro de 2006 não frequentou o ensino secundário e que apenas 15,3% o concluiu. Dado o programa Novas Oportunidades tentar enfrentar este problema, Manuel Alegre chega a louvar o mesmo, sendo a sua crítica apenas direccionada à estratégia de comunicação, onde figuras conhecidas são apresentadas numa realidade alternativa, trabalhando ligadas à área em que actuam, mas no caso de não terem estudado.

Segundo o autor da crítica "uma coisa é defender uma segunda oportunidade em educação, outra é denegrir profissões apresentadas nesta campanha como desqualificantes. É uma questão de dignidade". Não consigo perceber qual o motivo que choca Manuel Alegre.

O papel da publicidade é conseguir uma reacção do público-alvo para a qual é desenvolvida e se, neste caso, fizer com que parte dos 70% da população empregada com apenas o ensino básico sinta que se estudasse poderia ser mais, que poderia atingir os seus sonhos, se sinta mal com uma atitude conformada e, pelo menos se informe das Novas Oportunidades, então estará a resultar.

Por outro lado, a dita campanha não insulta o público alvo. Mostra até que figuras que, à partida possam parecer distantes, são exactamente como eles. A única diferença é que estudaram. E em nenhum caso esse estudo é qualificado. Não é dito se têm licenciatura, curso técnico-profissional, secundário. Apenas que "Aprender compensa".


O estado da Educação no país e a falta de responsabilidade da maioria de nós como indivíduos em melhorar é que p deveria chocar.

Thursday, March 29, 2007

Teoria da diferença de idades

Parece clara a influência que o meu filho já tem em mim. Reparei que dos 5 posts anteriores publicados neste blog, 3 são temas infantis. Apesar de não ser o tema neste, o que comecei a notar é que um filho tem grande influência nos pais, inclusivé no tempo que passa até os pais terem o filho seguinte.

A maior parte dos irmãos que conheço, sejam amigos ou filhos dos amigos, têm diferença de 2 anos e poucos meses ou então de 4/5 anos. Raramente têm 3 anos diferença. Porquê? É aqui que entra a minha teoria da influência do filho mais velho. Tiremos a essa diferença os 9 meses da gravidez: os mais novos foram feitos quando os mais velhos teriam entre 18 e 24 meses no primeiro caso e 3 anos e 3 meses ou mais no segundo caso.

Pela minha experiência, com um filho com pouco mais de 2 anos posso afirmar que entre os 18 e 24 meses é a melhor fase deles até ao momento. Todos os dias se desenvolvem, aprendem brincadeiras e palavras novas e continuam com muito bom espírito. Não é então de estranhar que os pais se esqueçam um pouco das noites sem dormir, da liberdade perdida, dos momentos que tinham a sós e se atirem para o segundo filho.

No entanto, a partir dos 2 anos, começam as birras por tudo e por nada. Uma nova fase de testar vontades. Garanto-vos que pensar em mais um, nesta fase, torna a não ser uma ideia muito atractiva.

Resta então esperar que a minha teoria esteja certa. O que significa que esta fase irá parar por volta dos 3 anos e 3 meses. Sim, bem sei que é cerca de um ano. Mas a esperança faz milagres.

Wednesday, March 28, 2007

RTP2 revela escândalo Noddy

Só há duas hipóteses: ou os criativos que idealizaram a campanha de exteriores da nova imagem da RTP2 leram o 1º post deste blog ou o Noddy foi apanhado em flagrante, confirmando as suspeitas aqui levantadas nesse post.

Falo do outdoor em que podemos ver o Noddy e a Ursa Teresa num piquenique e em que o herói da criançada pergunta à sua amiguinha "Ursa Teresa, vamos brincar aos médicos?". Penso que em conjugação com o brincar às famílias esta é das brincadeiras mais relacionadas com a descoberta da sexualidade infantil. Cá está assim a confirmação. Existe mesmo algo entre estas duas personagens.

Mas o escândalo parece não acabar aqui e é sugerida, na mesma campanha, que o Noddy junta o bestialismo ao adultério. Na outra criatividade exibida pela mesma marca, vemos o famoso mafioso Tony Soprano e um dos seus homens chocados e preocupados. Certamente pela atitude do Noddy! E qual a grande preocupação deles? A legenda diz tudo: "E agora, como vamos explicar isto à Fernanda Freitas?" Parece então que a apresentadora do canal se nada tem com o personagem animado sente algo muito forte pelo mesmo. Nem os Sopranos lhe querem levar a má notícia!

Resta apenas dar os parabéns à RTP2. Isto sim, é serviço público. A estação traz a todos a verdade, nem que para isso manche as suas próprias estrelas. Mais, a vontade do canal em divulgar a verdade é tanta, que nem hesita para isso utilizar um meio que chegue melhor ao público que a própria RTP2.

 
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