Tuesday, April 24, 2007

Peso da aliança

Quem já tenha viajado para qualquer destino paradisíaco, deverá ter reparado numa série de jovens casais cujo o homem mexe constantemente no dedo anelar da mão esquerda e brinca com a sua aliança, ainda bastante reluzente. Para nós homens, esta é uma das reacções inconscientes do estado de recém-casado. Deve-se à presença de um corpo estranho à volta de um dedo, da pressão desconfortável que faz nos dedos mais próximos quando a mão se fecha e, acima de tudo, ao peso. Ao peso físico a que o dedo não está habituado e, mais ainda, ao peso psicológico.

Na passada sexta-feira 13, perdi a minha aliança e regressou o desconforto à mão esquerda. A recuperada leveza no dedo é agora estranha. O hábito de brincar com a aliança em certas alturas não desaparece e acabo por me relembrar que não está lá. Mais uma vez o peso do objecto atinge-me com toda a sua força.

Se no início significava um maior compromisso na relação, uma perda de liberdade (mesmo tendo sido desejada, assumida e, dado que já viviamos juntos, nada mudar na realidade), agora a sua não existência parece significar todo o contrário. Mas desta vez, um significado indesejado e felizmente irreal.

Mas foi desta forma que me apercebi do seu real peso psicológico. Não é apenas um símbolo tradicional, uma "anilha" para demarcar posse ou mesmo um "selo de qualidade". Ela representa uma vontade, uma decisão, uma forma de vida diferente em que apesar do que se abdicou nos sentimos melhor. Quero a minha aliança de volta. Sem ela sinto-me falso ou incompleto.

Sim, é tudo apenas psicológico, porque não é a existência deste pequeno objecto que altera alguma coisa. Mas é a componente psicológica que muitas vezes nos leva a ver a vida de uma forma diferente.






Thursday, April 19, 2007

Manuel Alegre Vs Campanha Novas Oportunidades

Li hoje na newsletter da Meios & Publicidade que o deputado socialista Manuel Alegre critica a nova campanha publicitária do programa Novas Oportunidades, no site do movimento MIC-Movimento de Intervenção e Cidadania. Para ele a nova campanha "é um insulto a todos aqueles que, pelas mais diversas razões, não possuem outras habilitações que não sejam a sua competência e o seu desempenho profissional".

Curioso que ao entrar no site do MIC, se encontra em destaque, um post de Carla Aguiar do DN com o título "Sete em dez trabalhadores só têm o ensino básico", onde também nos diz que 70% da população empregada em Dezembro de 2006 não frequentou o ensino secundário e que apenas 15,3% o concluiu. Dado o programa Novas Oportunidades tentar enfrentar este problema, Manuel Alegre chega a louvar o mesmo, sendo a sua crítica apenas direccionada à estratégia de comunicação, onde figuras conhecidas são apresentadas numa realidade alternativa, trabalhando ligadas à área em que actuam, mas no caso de não terem estudado.

Segundo o autor da crítica "uma coisa é defender uma segunda oportunidade em educação, outra é denegrir profissões apresentadas nesta campanha como desqualificantes. É uma questão de dignidade". Não consigo perceber qual o motivo que choca Manuel Alegre.

O papel da publicidade é conseguir uma reacção do público-alvo para a qual é desenvolvida e se, neste caso, fizer com que parte dos 70% da população empregada com apenas o ensino básico sinta que se estudasse poderia ser mais, que poderia atingir os seus sonhos, se sinta mal com uma atitude conformada e, pelo menos se informe das Novas Oportunidades, então estará a resultar.

Por outro lado, a dita campanha não insulta o público alvo. Mostra até que figuras que, à partida possam parecer distantes, são exactamente como eles. A única diferença é que estudaram. E em nenhum caso esse estudo é qualificado. Não é dito se têm licenciatura, curso técnico-profissional, secundário. Apenas que "Aprender compensa".


O estado da Educação no país e a falta de responsabilidade da maioria de nós como indivíduos em melhorar é que p deveria chocar.

 
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