Wednesday, December 26, 2007

Natal e Sindrome da Torre de Belém

Há uns anos atrás, numa entrevista que tive com Pedro Pina, hoje Presidente da McCann Worldgroup Portugal, tive de responder a uma questão, ao nível pessoal e não profissional, acerca do que me arrependia ou teria feito diferente no passado se podesse. À minha resposta, ele chamou Síndrome da Torre de Belém.

Que teoria é esta e que tem a ver com o Natal?

Comecemos pelo Síndrome. Imaginemos que a Torre de Belém é a nossa família. É fantástica, bonita e imponente. Para cada um de nós, um símbolo do que somos e do que representamos. Tal como a Torre, está sempre presente, sabemos que sempre que quisermos ou que precisemos estará lá. Tem a sua história e também as suas histórias. Apesar de nem sempre querermos admitir, é uma fonte de aprendizagem. Além de tudo, sabemos de antemão que, se necessário, deixar-se-ia destruir para que nenhum ataque nos atinja.

No entanto, e porque está sempre lá, quando visitamos a Torre de Belém? Quando mostramos Lisboa a alguém pela primeira vez, quando somos miúdos ou quando temos miúdos. Não é positivo nem negativo. É como é! O Síndrome da Torre de Belém relaciona-se com este ponto. A família está lá e pensamos que dura para sempre. Por isso, quem tem o síndrome, procura-a em momentos especiais e não constantemente.

Falta então a ligação deste tema ao Natal. Este Natal, não fomos ter com as nossas famílias. Vieram eles ter connosco. Na véspera e no dia. Imaginem 1 noite e 1 dia inteiros com 2 Torres de Belém em vossa casa, em que cada uma das suas pedras tem ideias diferentes, tem conversas diferentes (chega a ser ao mesmo tempo), e por vezes até querem comer coisas diferentes... Chegamos ao fim dos 2 dias com a sensação de não ter parado um minuto e de não ter falado com qualquer uma das pessoas que esteve em nossa casa sem ser da comida, de loiça, de espaço na mesa, ou qualquer outro tema relacionado com a logística da festa. Não, afinal não é sensação. É mesmo realidade.

O Natal é uma altura óptima e alegre, principalmente se não é na nossa casa. Tem também de bom o facto de que entre presentes e comida nos permite algumas auto-análises mais ou menos profundas. E este ano, a conclusão é clara. No que toca à relação com a família, há coisas bem piores que o Síndrome da Torre de Belém.

 
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