Tuesday, April 24, 2007

Peso da aliança

Quem já tenha viajado para qualquer destino paradisíaco, deverá ter reparado numa série de jovens casais cujo o homem mexe constantemente no dedo anelar da mão esquerda e brinca com a sua aliança, ainda bastante reluzente. Para nós homens, esta é uma das reacções inconscientes do estado de recém-casado. Deve-se à presença de um corpo estranho à volta de um dedo, da pressão desconfortável que faz nos dedos mais próximos quando a mão se fecha e, acima de tudo, ao peso. Ao peso físico a que o dedo não está habituado e, mais ainda, ao peso psicológico.

Na passada sexta-feira 13, perdi a minha aliança e regressou o desconforto à mão esquerda. A recuperada leveza no dedo é agora estranha. O hábito de brincar com a aliança em certas alturas não desaparece e acabo por me relembrar que não está lá. Mais uma vez o peso do objecto atinge-me com toda a sua força.

Se no início significava um maior compromisso na relação, uma perda de liberdade (mesmo tendo sido desejada, assumida e, dado que já viviamos juntos, nada mudar na realidade), agora a sua não existência parece significar todo o contrário. Mas desta vez, um significado indesejado e felizmente irreal.

Mas foi desta forma que me apercebi do seu real peso psicológico. Não é apenas um símbolo tradicional, uma "anilha" para demarcar posse ou mesmo um "selo de qualidade". Ela representa uma vontade, uma decisão, uma forma de vida diferente em que apesar do que se abdicou nos sentimos melhor. Quero a minha aliança de volta. Sem ela sinto-me falso ou incompleto.

Sim, é tudo apenas psicológico, porque não é a existência deste pequeno objecto que altera alguma coisa. Mas é a componente psicológica que muitas vezes nos leva a ver a vida de uma forma diferente.






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